EU SOU
TAPES – Paulo Martins
SOU UM PEDACINHO DO PAMPA
FEITO DE ÁGUA E AREIA
ONDE O GAÚCHO ACAMPA
NAS NOITES DE LUA CHEIA
VENHA COMIGO ACAMPAR
FEITO DE ÁGUA E AREIA
ONDE O GAÚCHO ACAMPA
NAS NOITES DE LUA CHEIA
VENHA COMIGO ACAMPAR
E OUVIR O RIO GRANDE CONTAR
HISTÓRIAS DE BRIGAS FEIAS
EU SOU A HOSPITALIDADE
VOU DE FOGÕES EM FOGÕES
VISITANDO A MOCIDADE
CENTENAS DE CORAÇÕES
EU SOU ALUNO SEM LÁPIS
SOU A CIDADE DE TAPES
EM TEMPO DE TRADIÇÕES
SOU PEDRA DE BOLHADEIRA
SOU FACÃO SOU A GARRUCHA
SOU O CAFÉ DE CHALEIRA
SOU CONVITE QUE TE PUXA
PARA VER NOSSO TALENTO
NO SEGUNDO ACAMPAMENTO
DA NOSSA ARTE GAÚCHA
EU SOU A SOMBRA NA ÁGUA
SOU CHARQUE DO CARRETEIRO
EU SOU UM GAÚCHO SEM MÁGOAS
SOU CENTRO-SUL-BRASILEIRO
SOU A LAGOA DOS PATOS
EU SOU A SOMBRA NOS MATOS
EM PLENO MÊS DE JANEIRO
Certamente que nosso poeta estava iluminado por
uma luz divina quando juntou as letrinhas para escrever esta obra e quando
juntou as notas para compor esta melodia. Mas na sua humildade não esperava
pelo nosso agradecimento, mas esta era a nossa obrigação. Embora tendo levado o
nome de Tapes para todo o Rio Grande e para o Brasil, o que recebeu em troca
foi a nossa indiferença. O que Paulo Martins fez por Tapes, nunca Tapes fez por
ele. Mas ainda está em tempo. Consta em meus conhecimentos que Paulo Martins
não é tapense de nascimento, mas certamente o é de coração, então, Vereadores,
exijo o título de cidadão tapense para o nosso poeta. Ninguém é mais tapense do
que ele.
Paulo Martins é um poeta, compositor e um artista de grande
valor. Há pessoas em Tapes que não gostam dele, mas isso acontece porque não
entendem que ele é um artista profissional. Certa vez em uma conversa, ele me
falou assim: se tu queres que eu venha cantar no
teu bar pra ti ganhares dinheiro, eu quero ganhar junto. Mas se queres fazer
uma ação comunitária pra beneficiar socialmente este ou aquele setor ou se
queres divulgar a cultura gaúcha, me fala que eu venho e não cobro nada. Mas as
administrações municipais gostam que os músicos locais trabalhem de graça e
pagam fortunas para outros dançarem a boquinha da garrafa em cima de um
caminhão.
Certa vez fiz referência nas redes sociais ao
trabalho de Paulo Martins e recebi como comentário da coordenadora da Casa de
Cultura de Tapes que ela pretende valorizar os músicos locais e que conhece e
admira o trabalho de Paulo Martins. Considera o poeta “dono de uma incrível
sensibilidade e suas composições enaltecem Tapes por onde ele anda. Eu o admiro
muito, além do fato de sermos amigos. E nossa amizade estreitou-se justamente
pelo nosso gosto pela arte e pelo respeito mútuo”. Mas até agora nada. Faltou
autonomia?
Então, tapenses. Eu não quero que Paulo Martins
seja nome de rua. Quero oportunidade de trabalho para ele, que está no auge de
sua capacidade intelectual e artística. Mas por incrível que pareça, tem gente
em Tapes que nunca ouviu o Paulo Martins cantar. O maior show que assisti em
Tapes foi numa Festa do Arroz nos anos 90 em que Paulo Martins, acompanhado seu
irmão Chico Martins, outro grande músico, e de seu grupo abrilhantaram aquele
evento. De lá pra cá a cultura gaúcha ficou em segundo plano e nada parecido
aconteceu em Tapes.
JORGE TRINDADE
_______________________
Armazém de Notícias - agosto de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário