segunda-feira, 9 de dezembro de 2013


EU SOU TAPES – Paulo Martins


SOU UM PEDACINHO DO PAMPA
FEITO DE ÁGUA E AREIA
ONDE O GAÚCHO ACAMPA
NAS NOITES DE LUA CHEIA
VENHA COMIGO ACAMPAR 
E OUVIR O RIO GRANDE CONTAR
HISTÓRIAS DE BRIGAS FEIAS 

EU SOU A HOSPITALIDADE
VOU DE FOGÕES EM FOGÕES 
VISITANDO A MOCIDADE
CENTENAS DE CORAÇÕES 
EU SOU ALUNO SEM LÁPIS
SOU A CIDADE DE TAPES
EM TEMPO DE TRADIÇÕES

SOU PEDRA DE BOLHADEIRA
SOU FACÃO SOU A GARRUCHA
SOU O CAFÉ DE CHALEIRA 
SOU CONVITE QUE TE PUXA
PARA VER NOSSO TALENTO
NO SEGUNDO ACAMPAMENTO
DA NOSSA ARTE GAÚCHA

EU SOU A SOMBRA NA ÁGUA
SOU CHARQUE DO CARRETEIRO
EU SOU UM GAÚCHO SEM MÁGOAS
SOU CENTRO-SUL-BRASILEIRO
SOU A LAGOA DOS PATOS
EU SOU A SOMBRA NOS MATOS
EM PLENO MÊS DE JANEIRO

    Certamente que nosso poeta estava iluminado por uma luz divina quando juntou as letrinhas para escrever esta obra e quando juntou as notas para compor esta melodia. Mas na sua humildade não esperava pelo nosso agradecimento, mas esta era a nossa obrigação.    Embora tendo levado o nome de Tapes para todo o Rio Grande e para o Brasil, o que recebeu em troca foi a nossa indiferença. O que Paulo Martins fez por Tapes, nunca Tapes fez por ele. Mas ainda está em tempo. Consta em meus conhecimentos que Paulo Martins não é tapense de nascimento, mas certamente o é de coração, então, Vereadores, exijo o título de cidadão tapense para o nosso poeta. Ninguém é mais tapense do que ele.
   Paulo Martins é um poeta, compositor e um artista de grande valor. Há pessoas em Tapes que não gostam dele, mas isso acontece porque não entendem que ele é um artista profissional. Certa vez em uma conversa, ele me falou assim: se tu queres que eu venha cantar no teu bar pra ti ganhares dinheiro, eu quero ganhar junto. Mas se queres fazer uma ação comunitária pra beneficiar socialmente este ou aquele setor ou se queres divulgar a cultura gaúcha, me fala que eu venho e não cobro nada. Mas as administrações municipais gostam que os músicos locais trabalhem de graça e pagam fortunas para outros dançarem a boquinha da garrafa em cima de um caminhão.
   Certa vez fiz referência nas redes sociais ao trabalho de Paulo Martins e recebi como comentário da coordenadora da Casa de Cultura de Tapes que ela pretende valorizar os músicos locais e que conhece e admira o trabalho de Paulo Martins. Considera o poeta “dono de uma incrível sensibilidade e suas composições enaltecem Tapes por onde ele anda. Eu o admiro muito, além do fato de sermos amigos. E nossa amizade estreitou-se justamente pelo nosso gosto pela arte e pelo respeito mútuo”. Mas até agora nada. Faltou autonomia?
    Então, tapenses. Eu não quero que Paulo Martins seja nome de rua. Quero oportunidade de trabalho para ele, que está no auge de sua capacidade intelectual e artística. Mas por incrível que pareça, tem gente em Tapes que nunca ouviu o Paulo Martins cantar. O maior show que assisti em Tapes foi numa Festa do Arroz nos anos 90 em que Paulo Martins, acompanhado seu irmão Chico Martins, outro grande músico, e de seu grupo abrilhantaram aquele evento. De lá pra cá a cultura gaúcha ficou em segundo plano e nada parecido aconteceu em Tapes.
JORGE TRINDADE
_______________________
Armazém de Notícias - agosto de 2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário