segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

NÃO SEI SE VOTO DISTRITAL

            O cidadão tem se ressentido de uma maior aproximação com os políticos que elege, e estes não reduzem esta distância porque não tem como identificar quem os elegeu. Entre outros problemas que a atual representação política nos apresenta, este poderia ser resolvido com a adoção do Voto Distrital. Não vou levar em conta aqui, se esta proposta seria melhor para o Brasil, mas se seria melhor para pequenos municípios como Tapes.
         Em primeiro lugar, reservo-me a não defender ainda esta ideia por não saber como seria a divisão distrital. A proposta que se apresenta no momento seria a divisão conforme as microrregiões ou mesorregiões estabelecidas pelo IBGE. Parece o mais lógico. Mas aí aparecem os problemas.
         Temos no Rio Grande do Sul 35 microrregiões e gravitamos em torno de um micronúcleo que é Camaquã. Nós gaúchos temos direito a 33 vagas para Deputado Federal, um pequeno ajuste que se fizesse já daria um representante por distrito. Até aí tudo bem.
         Acontece que a Microrregião Metropolitana tem a metade da população do estado, vai exigir metade das vagas. A capital, Porto Alegre, só teria representação justa se fosse dividida em vários distritos. Isso faria encolher as representações de pequenos distritos do interior que teriam que se agrupar. Considerando que temos 10 milhões de eleitores, e que divididos por 33 vagas dariam 300 mil votos para eleger um Deputado Federal. Nossa microrregião não alcança 100 mil. Nosso distrito, então, teria que ser esticado. Até onde? Para o Norte e integrar a Região Carbonífera? Correríamos o risco de eleger um representante daquela região, sem identificação conosco. Para o Sul ficaria bacana. Um Distrito da Costa Doce. Mas não alcançaria 200 mil votos. E não podemos esticar demais, porque Pelotas já elege seus próprios representantes. Aí ficaríamos submetidos à vontade de um colégio eleitoral maior. Assim o voto distrital não traria vantagens.
     Mas a matemática fica mais complicada quando pensamos nos Deputados Estaduais que são 54. Mas poderia ser esta a base da divisão, já que também há proposta de criação dos distritos por bacia hidrográfica. Outras dúvidas ainda estão na mesa, como a suplência e as eleições municipais.
         Estas alterações não seriam para a próxima eleição, mas é possível que sejamos questionados sobre a reforma política em um plebiscito incorporado à eleição de 2014. Então, esta opinião precisa ser formada através de discussões argumentadas, e não, imposta como está sendo feito. Aqui na região já tem até candidato a Deputado Distrital.
   Por enquanto, as articulações políticas estão defendendo candidaturas suprapartidárias para garantir a eleição de candidatos locais. Num momento em que se pretende que os partidos sejam fortalecidos e que defendam ideias, esta proposta seria um retrocesso no campo político. Além do mais há a dificuldade do consenso. Muitos dirão que defendem a candidatura suprapartidária, mas se o candidato for de seu partido. Na última eleição tínhamos um candidato a Vice-Governador, que foi eleito, que é desta região, e que está trabalhando por ela. Mas não houve o consenso. A preferência partidária falou mais forte.
Jorge Trindade
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Armazém de Notícias - outubro de 2013

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