segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

MINHA CASA MINHA DILMA

Jorge Trindade
      O Programa Minha Casa Minha Vida completou quatro milhões de unidades habitacionais entregues. Mais do que um número astronômico, este programa tem outra representação na vida das pessoas. Hoje, se marido e mulher ganham um salário mínimo cada, vão até a Caixa e encaminham um financiamento para construir a própria casa. Vão pagar uma prestação mais baixa do que o aluguel que pagaram a vida inteira e terão uma moradia mais digna do que as subabitações que vemos por aí.
      Lembro do tempo em que só havia financiamento habitacional para quem ganhava acima de dez salários. Isto fazia aumentar a distância entre as classes sociais, tornando os ricos mais ricos e os pobres mais pobres.
      O MCMV vem com outra proposta agregada que é o Programa Minha Casa Melhor, em que os financiados da casa própria podem obter financiamento de cinco mil reais para comprar móveis e utilidades domésticas, com cinco anos para pagar e juros infinitamente menores do que os das lojas.
      Quem pensa que esta política habitacional do Governo Federal beneficia somente os pobres, enganou-se. Conheço um empresário da construção civil que já fez mais de dez mil casas. Façam as contas. Assim, quem teve competência para se estabelecer está sendo beneficiado. Mas não só as construtoras, o programa aqueceu a economia no setor industrial de material de construção, desde a pequena olaria até a multinacional do cimento, madeireiras, ferragens, serrarias, setor de transportes e outros. O MCMV acabou com o desemprego na construção civil. Hoje não há pedreiros e auxiliares desempregados. Pedreiros estão cobrando salário de médico. Bom para eles. É a Lei da Oferta e da Procura. Também, investidores que direcionavam seus negócios para os alugueis, estão procurando uma atividade produtiva, porque cada vez mais diminui a demanda por aluguel residencial.
      Todos estes setores estão empregando e gerando impostos que se transformam em recursos para mais financiamentos e assim, estamos nos encaminhado para atender o déficit habitacional no Brasil averiguado no início do Governo Lula que era de dez milhões de moradias.
      Optei por abordar este assunto, porque há algum tempo ouvi um empresário entusiasmado com o momento econômico chamar o Programa de “Minha Casa Minha Dilma”, e há alguns dias ouvi um financiado fazer uso da mesma expressão para referir-se ao programa, e explicou de forma emocionada o que representa morar na própria casa e sentir que a cada mês ela é mais sua.
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Armazém de Notícias - dezembro de 2013

NÃO SEI SE VOTO DISTRITAL

            O cidadão tem se ressentido de uma maior aproximação com os políticos que elege, e estes não reduzem esta distância porque não tem como identificar quem os elegeu. Entre outros problemas que a atual representação política nos apresenta, este poderia ser resolvido com a adoção do Voto Distrital. Não vou levar em conta aqui, se esta proposta seria melhor para o Brasil, mas se seria melhor para pequenos municípios como Tapes.
         Em primeiro lugar, reservo-me a não defender ainda esta ideia por não saber como seria a divisão distrital. A proposta que se apresenta no momento seria a divisão conforme as microrregiões ou mesorregiões estabelecidas pelo IBGE. Parece o mais lógico. Mas aí aparecem os problemas.
         Temos no Rio Grande do Sul 35 microrregiões e gravitamos em torno de um micronúcleo que é Camaquã. Nós gaúchos temos direito a 33 vagas para Deputado Federal, um pequeno ajuste que se fizesse já daria um representante por distrito. Até aí tudo bem.
         Acontece que a Microrregião Metropolitana tem a metade da população do estado, vai exigir metade das vagas. A capital, Porto Alegre, só teria representação justa se fosse dividida em vários distritos. Isso faria encolher as representações de pequenos distritos do interior que teriam que se agrupar. Considerando que temos 10 milhões de eleitores, e que divididos por 33 vagas dariam 300 mil votos para eleger um Deputado Federal. Nossa microrregião não alcança 100 mil. Nosso distrito, então, teria que ser esticado. Até onde? Para o Norte e integrar a Região Carbonífera? Correríamos o risco de eleger um representante daquela região, sem identificação conosco. Para o Sul ficaria bacana. Um Distrito da Costa Doce. Mas não alcançaria 200 mil votos. E não podemos esticar demais, porque Pelotas já elege seus próprios representantes. Aí ficaríamos submetidos à vontade de um colégio eleitoral maior. Assim o voto distrital não traria vantagens.
     Mas a matemática fica mais complicada quando pensamos nos Deputados Estaduais que são 54. Mas poderia ser esta a base da divisão, já que também há proposta de criação dos distritos por bacia hidrográfica. Outras dúvidas ainda estão na mesa, como a suplência e as eleições municipais.
         Estas alterações não seriam para a próxima eleição, mas é possível que sejamos questionados sobre a reforma política em um plebiscito incorporado à eleição de 2014. Então, esta opinião precisa ser formada através de discussões argumentadas, e não, imposta como está sendo feito. Aqui na região já tem até candidato a Deputado Distrital.
   Por enquanto, as articulações políticas estão defendendo candidaturas suprapartidárias para garantir a eleição de candidatos locais. Num momento em que se pretende que os partidos sejam fortalecidos e que defendam ideias, esta proposta seria um retrocesso no campo político. Além do mais há a dificuldade do consenso. Muitos dirão que defendem a candidatura suprapartidária, mas se o candidato for de seu partido. Na última eleição tínhamos um candidato a Vice-Governador, que foi eleito, que é desta região, e que está trabalhando por ela. Mas não houve o consenso. A preferência partidária falou mais forte.
Jorge Trindade
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Armazém de Notícias - outubro de 2013

PROTESTOS E PROTESTOS

Jorge Trindade

    Pois a corrupção que ocorre em Brasília é um fato que revolta a todos nós e foi o principal motivo dos protestos que ocorreram. Mas não estava tudo bem claro, os protestos eram contra a corrupção, mas não dizia qual. Nós sabemos que era a corrupção de Brasília, porque a corrupção que ocorre em Tapes, esta nós encobrimos, e não protestamos porque sempre temos alguém próximo que pode estar envolvido. Como não conhecemos ninguém em Brasília, vamos protestar somente contra aquela lá, ainda mais que em breve a corrupção será declarada como crime hediondo.

    Então, quando organizamos um protesto devemos estabelecer com clareza contra o que se protesta. Por exemplo, o protesto contra os buracos estava bem definido. Eram os buracos da RS 717, e não os buracos da cidade ou da Pinvest ou das estradas do interior. É que os buracos do Prefeito já fazem parte das nossas vidas e nos acostumamos com eles. Mas os buracos do Daer nós não aceitamos e não nos acostumamos, por isso protestamos.
    Tem outro protesto que é muito corrente nas redes sociais que é pelo pagamento do Piso Salarial aos professores. Mas sabemos que quem tem que pagar o Piso é o Governador. E não queremos saber se o cronograma para pagar o piso até 2014 está sendo obedecido. A Lei do Piso é uma Lei Federal e tem que ser cumprida. Mas só pelo Governador. O Prefeito não precisa pagar o Piso. Se ele não cumpre nem as Leis Municipais, porque iria cumprir uma Lei Federal. Além disso, como vou protestar para que o Prefeito pague o piso, se estou de olho em um contratinho com a Prefeitura, mesmo que seja com um salário subterrâneo.
    Mas o protesto que mais fez sucesso foi contra a Copa do Mundo. São inaceitáveis os gastos públicos com um evento como esse enquanto que a saúde encontra-se no estado que está. Por isso somos contra a Copa do Mundo, mas a favor da Festa do Arroz.
    Então, quando organizamos um protesto devemos estabelecer com clareza contra o que se protesta. Por exemplo, o protesto contra os buracos estava bem definido. Eram os buracos da RS 717, e não os buracos da cidade ou da Pinvest ou das estradas do interior. É que os buracos do Prefeito já fazem parte das nossas vidas e nos acostumamos com eles. Mas os buracos do Daer nós não aceitamos e não nos acostumamos, por isso protestamos.
    Tem outro protesto que é muito corrente nas redes sociais que é pelo pagamento do Piso Salarial aos professores. Mas sabemos que quem tem que pagar o Piso é o Governador. E não queremos saber se o cronograma para pagar o piso até 2014 está sendo obedecido. A Lei do Piso é uma Lei Federal e tem que ser cumprida. Mas só pelo Governador. O Prefeito não precisa pagar o Piso. Se ele não cumpre nem as Leis Municipais, porque iria cumprir uma Lei Federal. Além disso, como vou protestar para que o Prefeito pague o piso, se estou de olho em um contratinho com a Prefeitura, mesmo que seja com um salário subterrâneo.
    Mas o protesto que mais fez sucesso foi contra a Copa do Mundo. São inaceitáveis os gastos públicos com um evento como esse enquanto que a saúde encontra-se no estado que está. Por isso somos contra a Copa do Mundo, mas a favor da Festa do Arroz.
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Armazém de Notícias - julho de 2013

EU SOU TAPES – Paulo Martins


SOU UM PEDACINHO DO PAMPA
FEITO DE ÁGUA E AREIA
ONDE O GAÚCHO ACAMPA
NAS NOITES DE LUA CHEIA
VENHA COMIGO ACAMPAR 
E OUVIR O RIO GRANDE CONTAR
HISTÓRIAS DE BRIGAS FEIAS 

EU SOU A HOSPITALIDADE
VOU DE FOGÕES EM FOGÕES 
VISITANDO A MOCIDADE
CENTENAS DE CORAÇÕES 
EU SOU ALUNO SEM LÁPIS
SOU A CIDADE DE TAPES
EM TEMPO DE TRADIÇÕES

SOU PEDRA DE BOLHADEIRA
SOU FACÃO SOU A GARRUCHA
SOU O CAFÉ DE CHALEIRA 
SOU CONVITE QUE TE PUXA
PARA VER NOSSO TALENTO
NO SEGUNDO ACAMPAMENTO
DA NOSSA ARTE GAÚCHA

EU SOU A SOMBRA NA ÁGUA
SOU CHARQUE DO CARRETEIRO
EU SOU UM GAÚCHO SEM MÁGOAS
SOU CENTRO-SUL-BRASILEIRO
SOU A LAGOA DOS PATOS
EU SOU A SOMBRA NOS MATOS
EM PLENO MÊS DE JANEIRO

    Certamente que nosso poeta estava iluminado por uma luz divina quando juntou as letrinhas para escrever esta obra e quando juntou as notas para compor esta melodia. Mas na sua humildade não esperava pelo nosso agradecimento, mas esta era a nossa obrigação.    Embora tendo levado o nome de Tapes para todo o Rio Grande e para o Brasil, o que recebeu em troca foi a nossa indiferença. O que Paulo Martins fez por Tapes, nunca Tapes fez por ele. Mas ainda está em tempo. Consta em meus conhecimentos que Paulo Martins não é tapense de nascimento, mas certamente o é de coração, então, Vereadores, exijo o título de cidadão tapense para o nosso poeta. Ninguém é mais tapense do que ele.
   Paulo Martins é um poeta, compositor e um artista de grande valor. Há pessoas em Tapes que não gostam dele, mas isso acontece porque não entendem que ele é um artista profissional. Certa vez em uma conversa, ele me falou assim: se tu queres que eu venha cantar no teu bar pra ti ganhares dinheiro, eu quero ganhar junto. Mas se queres fazer uma ação comunitária pra beneficiar socialmente este ou aquele setor ou se queres divulgar a cultura gaúcha, me fala que eu venho e não cobro nada. Mas as administrações municipais gostam que os músicos locais trabalhem de graça e pagam fortunas para outros dançarem a boquinha da garrafa em cima de um caminhão.
   Certa vez fiz referência nas redes sociais ao trabalho de Paulo Martins e recebi como comentário da coordenadora da Casa de Cultura de Tapes que ela pretende valorizar os músicos locais e que conhece e admira o trabalho de Paulo Martins. Considera o poeta “dono de uma incrível sensibilidade e suas composições enaltecem Tapes por onde ele anda. Eu o admiro muito, além do fato de sermos amigos. E nossa amizade estreitou-se justamente pelo nosso gosto pela arte e pelo respeito mútuo”. Mas até agora nada. Faltou autonomia?
    Então, tapenses. Eu não quero que Paulo Martins seja nome de rua. Quero oportunidade de trabalho para ele, que está no auge de sua capacidade intelectual e artística. Mas por incrível que pareça, tem gente em Tapes que nunca ouviu o Paulo Martins cantar. O maior show que assisti em Tapes foi numa Festa do Arroz nos anos 90 em que Paulo Martins, acompanhado seu irmão Chico Martins, outro grande músico, e de seu grupo abrilhantaram aquele evento. De lá pra cá a cultura gaúcha ficou em segundo plano e nada parecido aconteceu em Tapes.
JORGE TRINDADE
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Armazém de Notícias - agosto de 2013

JOGO DOS SETE ERROS

Jorge Trindade    
      O Prefeito de Tapes prometeu que a partir de 10 de abril procuraria a imprensa para fazer a avaliação dos primeiros cem dias de governo. Grudei na Rádio Tapense, comprei os jornais da região, mas não achei nada. Melhor seria que eu fizesse uma avaliação baseado nas declarações oficiais do que foi feito e do que não foi feito. Mas a estou fazendo sob a óptica do cidadão.
     Ninguém escolhe a herança que vai ganhar, ela vem embrulhada. Pois o Prefeito desembrulhou a dele e apavarou-se. Não perdeu tempo e dia 2 de janeiro mesmo emitiu o Decreto nº 1, em que cortou as horas extras que estavam sendo pagas indevidamente aos CCs e FGs. Parabéns, é assim que se cuida da coisa pública. Mas não dá pra jogar a sujeira pra baixo do tapete. Varrer a sujeira significa fazer um levantamento da quantia com que os cofres públicos foram lesados, verificar quem eram os responsáveis e processá-los por formação de quadrilha, além de exigir a devolução das quantias pagas de forma irregular. A não ser que a quadrilha ainda esteja presente...
     No Decreto nº 2, houve um acontecimento surreal. Foi um caso de posse sem fundo. O Vice-Prefeito foi empossado como Coordenador da Área da Saúde do Município. Entendo que inclusive acima da Secretária. Mas o que ocorre é que este cargo não existe. Não está previsto em Lei. Não está escrito em lugar nenhum quais são as suas atribuições, obrigações, carga horária, salário, etc. Foi tudo no peito. Ficou uma posição cômoda para o Coordenador, que dita as regras, e se tudo der certo, é mérito dele, mas se algo der errado, é culpa da Secretária, que é quem assina estas normas.
     Mas não podemos negar que o Prefeito é festeiro. O Acampamento estava perfeito. Pouco público, mas bem organizado. O carnaval estava melhor do que o do ano passado, arquibancada grátis foi o máximo. O atraso na programação é culpa da Liga. A Festa do Arroz foi um show, em todos os aspectos, negócios, turismo, diversão. E houve outros eventos, Garota Verão, Encontro de Motociclistas, tudo com apoio da Prefeitura. E agora, “dizem” que não vai ser mais a APEC quem vai organizar os eventos. Vai ser a ACCITA. Deve ter ganhado a licitação.
    Como diz o meu amigo Rafael, é a política do Pão e Circo. Muito circo e pouco pão. Refiro-me à falta de uma política de empregos. Não podemos ficar presos a ideia de que vamos ter um porto e que isso vai resolver todos os problemas. Até porque o porto está em fase de LP (Licença de Pensamento), pensamos que um dia vamos ter um porto e alguém pensa que um dia vai instalar um porto. Agora, a Licença Prévia, esta ainda não chegou na FEPAM.
    Mas o que eu mais gosto no Prefeito é que ele está sempre presente, em todos os eventos. Anda na rua, faz caminhadas, é gente como a gente. Conhece cada buraco das ruas da cidade. Conhece cada calçada intransitável. Vai verificar os problemas in loco, como a visita que fez à ilha para conhecer pessoalmente a situação de risco com que vivem aqueles tapenses. O que nos deixa a expectativa de que os problemas de moradia serão resolvidos antes da próxima enchente. Bah, falei neste assunto e lembrei-me das quarenta casas. Será que vamos ter que devolver esta verba, também?
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Armazém de Notícias - junho de 2013

ORIGEM DA FAMÍLIA BUENO

 Jorge Luis Bueno da Trindade

  Foi só a partir da Idade Média que passaram a existir sobrenomes, que em geral foram adotados com referência ao lugar (vila/freguesia) onde a família morava (Portugal e Espanha). Mas todos passavam a ter o mesmo sobrenome, mesmo não sendo parentes. Em outros casos adotava-se como sobrenome o nome do proprietário da terra (França), ou certas características das pessoas do povoado. No caso do sobrenome Bueno, as pessoas receberam esta denominação porque em determinado lugar todos tinham bom (bueno) caráter. "Este é dos Bueno", se dizia quando o sujeito tinha bom caráter. Acabou virando sobrenome.
   Este entendimento confirma que os Bueno vieram da Espanha, até pelo uso do brasão.  Mas minha bisavó Teodorica Martins Bueno (Vó Chininha), com quem convivi em minha infância, contava que veio das Ilhas Canarias. Como as Canarias pertencem à Espanha, eu dizia a ela que ela era espanhola, o que ela não aceitava. Dizia que era Canaria, recusando até com certa revolta em suas feições a origem espanhola e sendo enfática de que ela era Canaria.  As Ilhas Canarias têm este nome porque lá havia muitos cães, e não canários.
   Mas a questão não é tão simples. O árabes (muçulmanos) ocuparam a Península ibérica durante 200 anos +- entre 1200 e 1400, transformando os nativos em classe social subalterna. Lá por 1492 os espanhóis recuperam o controle da Península expulsando os árabes. Este fato ocorreu na mesma época de ocupação e colonização das Ilhas Canarias, que ficam no Atlântico próximo à costa de Marrocos, que é um país da África com etnia e cultura árabe. Então, é bem forte a possibilidade de que nós que temos sobrenome Bueno tenhamos origem árabe e não espanhola. Contribui para reforçar esta possibilidade, a negativa de minha bisavó à origem espanhola.
   Mas uma terceira possibilidade abriu-se com estudos acadêmicos que fiz sobre a diáspora judia (dispersão dos judeus pelo mundo). Quando a "Santa" Inquisição começou a apertar os judeus, em Portugal, alguns converteram-se ao cristianismo adotando sobrenomes que o identificavam como cristãos novos, em geral nomes de árvores como Oliveira, Pereira, Nogueira, Moreira, Pinheiro. Os que não aceitaram, ou foram para a fogueira ou fugiram e ocuparam ilhas próximas do Atlântico e do Mediterrâneo, como Madeira e Açores. É possível que esta fuga tenha ocorrido também com judeus espanhóis, o que também coincide com a ocupação das Ilhas Canarias. Neste caso seria forte a possibilidade de nossa origem ser judia. Depõe contra esta possibilidade, o registro de que em 1590 já havia registro do sobrenome Bueno no Brasil, no caso Amador Bueno.
   Existe no estado de São Paulo grande contingente de Buenos, mas estes certamente não são parentes. São descendentes de Bartolomeu Bueno da Silva, que já andava por aqui desde 1700. Nossos antepassados chegaram ao Brasil na segunda metade do Século XIX, apeando no Porto de Paranaguá, instalando-se inicialmente no interior do Paraná, mas vindo logo em seguida a formar núcleos em Cachoeira do Sul, Bagé, São Gabriel e Dom Pedrito, além de cidades uruguaias próximas à fronteira.

   Nada disso é definitivo, mas fico com a possibilidade de que o sobrenome Bueno tem origem árabe, porque as conversas que tive com minha bisavó dão maior consistência a esta alternativa.
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Armazém de Notícias - abril de 2013.

domingo, 3 de março de 2013

O PODERO DO EMPREGO E DO DESEMPREGO

O PODER DO EMPREGO E DO DESEMPREGO


Jorge Trindade

    Várias empresas fecharam suas portas em Tapes nos últimos tempos. A sucessora da Fábrica de Calçados Schmidt deixou cerca de duzentos desempregados, que foram absorvidos pelo mercado de trabalho sabe-se lá como. Fechou também o Unisuper, mais 20 desempregados, a Stival outros tantos, a Ehlert Implementos Agrícolas migrou para Sentinela do Sul, fora pequenos empreendimentos. Assim, o leitor poderia supor que a falta de uma política pública de produção de empregos deporia contra a Administração Municipal, mas não. Este fato tornou a Prefeitura o maior empregador local e o administrador público o "Senhor" do emprego e do desemprego.

    Aí é que começam os problemas. Sabemos que em um contexto geral, os empregos na Prefeitura não são esta maravilha toda, mas diante do quadro atual, são, sim, bons empregos, salário certinho no dia combinado, algum status e coisa e tal. Não tendo sido produzidas novas vagas, o mais correto é garantir as que se têm. Mas tem a competição, quem está dentro não quer sair e quem está fora quer entrar. Então a mão poderosa começa a funcionar, currículo pra cima, currículo pra baixo, este é companheiro, este não é. Assim, uma só pessoa manipula os sonhos e as expectativas, e até a sobrevivência de muita gente, exercendo este poder.

    Claro que o serviço público não pode parar, mesmo com a sucessão, e disso o Prefeito não pode se queixar, já que a Câmara de Vereadores aprovou a contratação emergencial pelo período de dez meses de dezoito profissionais para os setores mais carentes. Mas estes serão escolhidos por aquela mão oculta e poderosa. Só que a competência para o exercício da função pública só pode ser medida através do concurso, ação necessária para manter a seriedade da administração pública.
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Armazém de Notícias - Edição 265 - março/2013