segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

SE DA VINCI FOSSE BRASILEIRO

Jorge Trindade

    O menino Leonardo está repetindo a sétima série pela terceira vez. Também, quem mandou duvidar da professora quando esta falou que Cabral veio parar no Brasil por causa das calmarias. Leozinho, baseado nas observações do anemômetro que inventou para a Feira de Ciências e no estudo das correntes marinhas argumentou que esta história precisaria ser recontada, afinal, o astrolábio já havia sido inventado em 1500. A Tia não aceitou. Leonardo passou em Ciências e rodou em História.
    Foi encaminhado ao SOE antes que se tornasse um aluno-problema. Disse que queria ser engenheiro quando crescesse. Em seguida queria ser matemático, quem sabe astrônomo ou até pintor. "Este menino precisa se resolver sobre o que quer, ou não vai ser nada na vida".
    Estas repreensões tornaram-no bastante circunspecto. Não prestava atenção nas aulas de Português. Achava o Latim mais interessante. Enquanto Tia Gioconda explicava, ele desenhava. Quando pintou uma tela e dedicou à sua professora, esqueceu de colocar algumas crases na dedicatória. Foi duramente criticado porque é preconceituoso pintar uma mulher de preto e além do mais, não é o momento histórico de representar uma mulher de braços cruzados. Já a professora de Artes até que achou interessante o sorriso sutil que Leozinho pintou. Passou em Artes e rodou em Português por causa das crases. Entender as crases era muito para sua cabecinha. Ora bolas! Latim, Inglês, Alemão e Hebraico não utilizam crases e todo mundo entende.
    Leonardo não se abalou com estes percalços e continuou estudando, inventando, criando, inovando, pintando e rodando. Até que um amigo de seu tio, candidato a Deputado Federal, consegui-lhe uma bolsa para que estudasse em Florença. Lá, tornou-se engenheiro, matemático, astrônomo e pintor ao mesmo tempo em que seus colegas concluíam o Fundamental.
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Vamos discutir este assunto?
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Armazém de Notícias - Edição 263 - Dezembro/2012 - Pág. 09

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